quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Chelsea vs Benfica (2013): Tocar o céu, flutuar nas nuvens e cair no inferno.



Em 1990 vi o Benfica perder uma final europeia, diante do Milan, em plenos Pirinéus. Era uma viagem da escola, e os locais estavam todos pelo Milan (eram adeptos, maioritariamente, do Marselha e estavam ressabiados) tal como os meus colegas adeptos do clube verde e branco. A derrota custou.

23 anos depois, o Benfica voltava a uma final europeia. Eu, que na meia final tinha ido ao êxtase e quase desmaiado no 3º golo do Benfica (Obrigado Tacuara!!!) tinha de estar presente. E tinha de estar presente com os meus. E assim foi.

A logística da viagem não foi fácil e começou com toda a questão de bilhética que acabou por se resolver. A viagem seria um voo de Faro para a Alemanha (Koln/Bonn) na manhã do jogo, onde, com aterragem prevista para as 13:05 locais, levantaríamos um carro alugado no qual seguiríamos para Amsterdam, onde esperávamos chegar cedo, curtir a Fan Zone, assistir ao jogo. Após o jogo, o plano era seguir para a Red Light, preferencialmente para comemorar durante uma hora ou duas, e daí seguir para Bruxelas, no mesmo carro, onde voaríamos de volta para Faro para então regressar a Lisboa.

Esta semana, muitos se recordarão, não podia ter começado pior. Tínhamos ido ao Dragão onde um golo aos 91 nos fez perder o campeonato e havia dúvidas sobre o estado mental da equipa. Mas estávamos prontos para ir à luta.

Perto das 2 da manhã encontrámo-nos então na Luz e seguimos em vários carros rumo ao Algarve, tendo a viagem corrido tranquilamente até Faro onde estacionámos perto do aeroporto e nos encaminhámos para o terminal. Aí começaram os problemas. O voo partiu com um enorme atraso estragando todos os planos para o dia, e assim que aterrámos na Alemanha foi um vê se te avias. No nosso caso eramos 5, fomos levantar o carro, e tivemos direito a um Ford Focus. Eu, com 1,84, era o elemento mais pequeno do grupo de 5. Imaginem o que foi então a viagem de carro para o jogo…

Entretanto chovia na Alemanha, o que tornou o transito caótico até à fronteira com a Alemanha e aumento os atrasos mas perto de duas horas antes da final lá conseguimos chegar à zona envolvente da Amsterdam Arena, onde encontrámos amigos, e puseram a par da presença da Hope Solo na fan zone mas não tive oportunidade de a ver. Uma chapa ou outra, uma cervejinha, e segui para a fila para entrar. Na porta ao meu lado, entrava Toni, o Senhor Benfica. Achei um bom presságio! Já chegava de azar e ia correr bem.


Lá dentro junto-me aos meus, e o nervoso miudinho vai aumentando até ao inicio da partida. Concomitante com o pontapé de saída veio todo um estado sobrenatural. O Benfica apresentava-se altamente descomplexado, a jogar enormidades, e sem qualquer resquício do fim de semana anterior. E os adeptos navegavam. Navegavam num mar de apoio incrível e inimaginável, dominando o apoio numa final europeia como poucas vezes se havia registado. A equipa empolgava o público ao mesmo tempo que o público empolgava a equipa. Nada podia correr mal, certo? Errado. Aos 60’ o Chelsea marca e sai na frente. Mas na verdade pouca coisa mudou pois aos 68 empatámos, pelo inevitável Cardozo, e continuávamos melhor. 10 minutos depois, Garay lesiona-se e entra Jardel. E eis que aos 93, o Chelsea bate um canto, na baliza do outro lado. A bola vai até Ivanovic que escapa ao bloqueio de Enzo e Jardel (o karma de ser quem entrou), e ganha a André Almeida. A bola começa a flutuar e visto do outro lado percorre uma trajetória que pareceu demorar 1 minuto até ir tocar a rede da baliza. O grito de “yeaaaaah” que emergiu à nossa frente foi aterrador. Para lá de aterrador. Explodi, desatei aos pontapés numa cadeira e só duas palavras me vinham à cabeça: “Outra vez? Outra vez?”. Tudo isto era sádico. Demasiado sádico. E conseguiu ser pior. O jogo reata e o Benfica quase marca por Cardozo, que quando está prestes a empurrar para a baliza após uma carambola na área, vê um blue aliviar e garantir o troféu para os Londrinos. A crueldade atingiu níveis jamais vistos, e quando pensávamos que o golo já era terrível, vivemos a experiência de ainda parecer que nos iam dar um gelado e quando íamos a pegar nele, ser-nos retirado. 



O jogo terminou e só quera sair do estádio. E saí com o os 4 do meu carro. Caminhámos até ao carro, e nem houve discussão. Não havia red light, não havia nada. Seguimos diretos para Bruxelas-Charleroi onde íamos apanhar o avião. Não dava para mais nada. Parámos pelo caminho para tentar dormitar durante uma hora, e seguimos. 
No aeroporto descansámos mais um pouco e, entretanto, chegaram os companheiros de voo que tinham alugado outros carros. Desta vez com o voo a horas, regressámos a Faro, e daí para Lisboa.

O meu regresso à Europa 7 anos depois tinha sido duríssimo. Mental e fisicamente duríssimo. Logo quando já sonhávamos com Praga onde se disputaria a Supertaça Europeia. Mas foi esta dureza que fez reavivar um bichinho que me trouxe as fabulosas aventuras que se têm seguido época atrás de época. Sempre com um denominador comum: o Benfica. 


quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Barcelona vs Benfica (2006): um mar imenso de vermelho e branco



Manchester, Villareal, Lille, Liverpool com presença no primeiro e no quarto destinos... E agora seguia-se Barcelona. Logo após a odisseia de Liverpool e com uma enorme problemática no que dizia respeito aos bilhetes, a qual, a um preço elevadíssimo, acabou por se resolver.

No fim de semana anterior ao jogo, o Benfica vai ao restelo vencer por 1-2, mas nem todas as notícias são boas. Nuno Gomes, que estava em grande forma nessa época e era o goleador da equipa, é vítima duma bárbara entrada de Sandro Gaúcho e fica KO até final da época. Primeiro contratempo.
Com o jogo a realizar-se a 5 de abril de 2006, arrancámos em duas carrinhas na noite de dia 4, fazendo a maior parte da viagem de noite. Já na manhã de dia 5, em pleno território espanhol, pudemos comprovar a imensa maré vermelha que se dirigia para Barcelona. Centenas e centenas de carros nas estradas de “nuestros hermanos”. O 0-0 da Luz deixava algumas esperanças e a eliminatória em aberto. O pensamento é positivo, mesmo sabendo que do outro lado estão Deco, Eto’o e sobretudo Ronaldinho.
Chegamos a Barcelona e vamos fazer o check-in num apartamento perto das ramblas, onde viríamos a pernoitar. Segue-se, um passeio pelas ramblas e percebemos que os blaugrana não estão muito otimistas. Não atravessam uma fase muito famosa e o otimismo, apesar de tudo não é reinante. Alimentado o estomago, fomos deixar as carrinhas perto do estádio e regressámos ao centro de Barcelona. A plaza de Catalunya estava a abarrotar de gente, e muitos, mas mesmo muitos Benfiquistas.
Perto de 3 horas antes do início do jogo arrancámos de metro para o estádio. Eu e o M., brincando com os catalães, imitávamos os espanhóis com o nosso maravilhoso castelhano “es una lastima!”, imitando a preocupação deles. Saídos do metro, dirigimo-nos até ao estádio e à porta de acesso. Entrámos e subimos intermináveis lanços de escada até chegar ao topo do mundo, perdão, do estádio. O facto de sermos dos primeiros, entre vários milhares, a chegar, permitiu-nos ficar numa zona central e não ser destacados para o topo onde se conseguia ver ainda pior o jogo de subbuteo que ia decorrer (sim, em camp nou, no setor visitante, os jogadores são autênticos bonecos de subbuteo).
Entretanto, enquanto o mar vermelho ia preenchendo o longo setor visitante, os adeptos da casa que ficavam no setor à nossa frente iam aparecendo, equipados de capacetes de mota, em muitos casos, o que me causou alguma estranheza. Claro que mais tarde viria a perceber.
O nosso setor encheu-se, e o jogo arrancou ficando a transbordar um mar de vermelho naquela tira que ia do centro do terreno até ao painel eletrónico situado atrás da baliza...



Nos minutos iniciais, logo aos 5 minutos, penalty para o Barcelona. O árbitro assinala uma mão em tudo idêntica à que Thiago Motta tinha feito na Luz, mas aí tinha passado em branco. Exaltei-me e comecei a dar uso ao meu maravilhoso castelhano, dirigido aos adeptos que se encontravam à minha frente “Hey! Ladrones! En Lisboa han jugado andebol!!!” (Maravilhoso andebol em vez de Balonmano!). A resposta era simples, apontavam para os fones a dizer que não me ouviam. Já outros esclareceram-me e colocaram os capacetes: era uma chuvada de coca cola e de bebidas a voar para cima deles. Afinal fazia sentido.
E mais sentido fez quando Moretto (o próprio!!) defende o penalty de Ronaldinho. Se havia quem ainda tivesse bebidas, acho que nessa altura deixou mesmo de ter. E ainda com o nosso setor em euforia, 13 minutos depois, sofremos o golo de Ronaldinho. Aí complicava, e assim se manteve até ao intervalo.
Arranca a segunda parte e o jogo vira. Sente-se o nervosismo do Barcelona, e dos seus adeptos e o Benfica vai crescendo. Até que Simão vai pela esquerda, pode marcar ou assistir e remata ao lado. Poucos minutos depois algo mais surreal, Karagounis remata de fora da área, Valdez defende com dificuldade para a frente e a bola passa entre 3 jogadores do Benfica que poderiam fazer a recarga, sobrando para um do Barcelona, isto a poucos minutos do fim, em que um empate daria a vantagem na eliminatória. Supremo Karma, no desenvolvimento desse lance, Eto’o acaba por fazer o 2-0 e fechar a eliminatória. Os catalães respiram de alívio. Eu tremo. E com o fim do jogo vacilo. O Manel regista uma foto em que se nota o meu ar triste, mesmo de costas, foto essa desaparecida em combate. A tristeza é grande no final da partida. Todos sabiam que era quase impossível, mas ficámos a centímetros de poder passar.
No final do jogo, o regresso à base perto das ramblas e finalmente tentar dormir em condições depois da viagem na noite da véspera.
No dia seguinte, aproveitámos para passear ainda um bom bocado pelas ruas de Barcelona. Deixámos as carrinhas, já completamente carregadas, num parque de estacionamento algo estreito e fomos passear pela cidade. Pouco antes de partirmos, já junto às carrinhas, um motociclo despista-se e o condutor acaba por ter um dano colateral que ficou para os que lá estiveram. Mas tudo ficou ok.
Durante a tarde lá arrancámos rumo a Lisboa, onde chegámos já no dia 7, tristes, mas a cantar os parabéns ao M.

Manchester United - Benfica (2005): Odisseia no arranque das Low Cost em Portugal

 


Recuemos a 2005. O Benfica acabava de regressar aos títulos e, após o fracasso na pré-eliminatória na época anterior, regressava também à Champions. Encontrávamo-nos ainda numa era onde não era fácil viajar pela Europa. O mundo das Low Costs estava a entrar em Portugal, mas na altura apenas do Porto, Lisboa ainda não era servida. E mesmo os destinos com origem no Porto eram limitados. O que fez com que a solução acabasse por ser simples…

Na véspera do jogo acordámos bem de madrugada, tendo-nos juntado no ponto combinado para recolha do pessoal, e arrancámos rumo ao Porto. Mais de duas horas de viagem, e carro estacionado para irmos apanhar o voo que nos levaria a… Londres.

No voo, tudo OK. Era a primeira vez para muitos numa Low Cost, eu incluído, e o espanto pelo quão apertados os lugares eram não tardou a chegar. Mas nada importava, o importante é que seguíamos rumo a Old Trafford para ver o regresso do Benfica à elite europeia, num dos mais míticos estádios da Europa.

Aterrados em Londres, começava a revelar-se o que não tenho deixado de comprovar ao longo destes 14 anos, desde então, a acompanhar o Benfica no estrangeiro. A solidariedade. No aeroporto em Londres, tínhamos o Fábio, português a morar na capital do Reino Unido que ia acolher mais de uma dezena de desconhecidos na sua casa, e que ainda deu uma ajuda no aluguer de viaturas lá fora, que era também algo de muito novo para todos na altura… E assim foi a minha primeira noite passada em Londres, cidade onde jamais tinha ido. Uma travessia da cidade de carro, até chegarmos a Stockwell, onde ficámos alojados. Quanto ao condutor do nosso carro, por ora recusava-me. Conduzir com o volante à direita, só quando saísse do caos londrino.

E assim foi, na manhã seguinte após a saída de Londres: chegados à autoestrada, assumi o volante, e até Manchester tudo correu de forma tranquila, apesar do intenso transito à entrada da cidade (o qual se viria a repetir na saída, comprovando-se a teoria de que Manchester é maioritariamente azul, o grande contingente do United vem de fora da cidade).

Já em Manchester, a curiosidade pela cidade também não se manifestou, e fomos diretos ao estádio para estacionar. Ponto um e grande memória dessa altura: o vento gélido que soprava, vindo do norte. Até estalava… Carro estacionado, destino estádio, mais propriamente a loja e conhecer todo um mundo novo. A loja era gigante. E tudo era explorado, e bem explorado. Pelo caminho umas belas fotos tiradas em frente à estátua do Sir Matt Bubsy e daí até à Pizza Hut para um almoço prolongado.

Já de barriga cheia, voltámos para a zona periférica do estádio, enquanto assistíamos ao enorme contingente de adeptos do Benfica que ia chegando. Pelo meio o registo dum incidente com um peão Benfiquista, o qual ao invés de fazer o necessário “look right, look left”, fez o inverso e acabou por sofrer as consequências. O que não deixava de chegar era povo Benfiquista, o que prometia um setor visitante de apoio forte….

Portas abertas, pessoal a entrar, e embirração seguinte com os stewards ingleses, que com o habitual rigor queriam que todos ocupassem o lugar dos bilhetes e não admitiam que ninguém estivesse de pé. O que acabou por ser cumprido, no que à segunda parte diz respeito, até ao apito inicial. A partir daí, nada há a fazer. Para nós é sempre “stand up for the Champion”.

O jogo foi equilibrado. Frente a um forte Man United, o Benfica mostrava que era possível, mas já perto do intervalo, na sequência de um livre, a bola desvia na barreira e estava feito o primeiro golo dos ingleses, indo o Benfica com uma desvantagem injusta para o intervalo. Pelo meio recebíamos mensagens de Portugal que afiançavam que na transmissão, o apoio só dava Benfica, e que era mesmo impressionante.  Ao intervalo começavam algumas picardias verbais entre adeptos do Benfica, e os adeptos ingleses que estavam nos camarotes atrás de nós.




Começa a segunda parte, e a tendência de equilíbrio mantinha-se, até que o Benfica conquista um livre na quina direita da área. Dito e feito, dali era o Simão e era meio penalty. Não perdi tempo e virei-me para os tais camarotes tendo avisado os locais, perante o gozo deles, que dali estava feito o empate. Dito e feito. Simão faturou e Van der Sar não teve a mínima hipótese. E quando me aprestava para mostrar aos ingleses quem sabia, dou de caras com os mesmos a aplaudir, desarmando qualquer tentativa de provocação minha. Proseguiu o jogo, o Benfica acreditava, bem como os seus adeptos, mas já perto do final, na sequência de um canto, um ressalto num jogador nosso coloca a bola em Ruud Van Nilsterooy que marcou o golo da vitória inglesa, levando a que o Benfica fosse ingloriamente derrotado neste regresso aos grandes palcos europeus….


Assim sendo, após a habitual espera no final do jogo, foi de forma algo cabisbaixa que saímos do estádio. E antes da despedida da malta de Londres, pois dali iriamos diretos para o aeroporto da capital pois o voo de regresso seria de manhã e a viagem ocuparia larga parte da noite, não deixei de dizer ao Fábio: “Voltamos para Liverpool”. E acabámos mesmo por voltar…

À saída do parque, mais provocações de adeptos ingleses e um inacreditável trânsito até chegar à autoestrada. A partir daí, tudo tranquilo até ao aeroporto, no avião, e finalmente no regresso a Lisboa. Estava assim concluída a terceira tour europeia, e da qual infelizmente, não consigo arranjar qualquer registo fotográfico…

sábado, 20 de abril de 2019

Eintracht - Benfica: o 38º jogo que foi na cidade alucinada



Abril 2019. Após eliminatórias com o Galatasaray e com o Dinamo Zagreb (ausente em ambas), eis que nos calha Frankfurt, a apenas 400 km de distância de onde me encontro a residir. No entanto o jogo bate com o período da Páscoa e para ir ao jogo e aproveitar o fim de semana de 4 dias sem trabalhar, fruto de 2 feriados na Alsácia, tenho de ir de avião para depois ir a Portugal pela primeira vez desde janeiro 2019. Mas Frankfurt não se pode falhar… Um dos três melhores ambientes da Alemanha (com Nuremberga e Dresden) e da Europa.

Consultadas as datas da malta que também ia, acabei por marcar Basel - Frankfurt para a manhã do jogo, com voo para Portugal no sábado de manhã.

Na semana anterior, jogo da primeira mão com grande invasão alemã a Lisboa. Os alemães cedo ficaram reduzidos a 10 e o Benfica desperdiçou uma tremenda oportunidade de, desde logo, resolver a eliminatória, sofrendo dois golos dum adversário que é, por essa altura, a mais entusiasmante equipa alemã, mas que aparenta estar em quebra nessa fase da época.

Véspera do jogo e prepara-se a mala, levezinha e sobretudo com coisas para levar para Portugal, entre revistas, livros e cachecóis recentemente comprados para a coleção. Manhã do jogo com despertar às 5:35 habituais e ainda ir à fábrica ás 6:30 colocar todo o pessoal ao trabalho e orientar tudo para esse dia e para o regresso de terça feira seguinte, até que às 9:30 foi hora de seguir para o aeroporto.

O voo foi curto e rápido, sem atrasos e a chegada a Frankfurt tranquila, tendo percorrido o gigante aeroporto para apanhar o metro ou comboio que me levaria até à estação principal de Franfkurt, a mais movimentada da Europa, perto da qual ficaria alojado. Aí chegado, apesar de ainda não serem 15, foi-me permitido efetuar o check-in, tendo-me instalado e dirigido a pé para a zona da Igreja de Santa Catarina, onde me esperavam para um copo e almoçarmos.

Aí chegado, os cumprimentos efusivos entre pessoal que não se via há 3 meses, e ida direta à loja do Frankfurt para comprar o habitual cachecol do jogo, tendo ainda comprado uma tshirt alusiva à eliminatória. A nota de destaque até então era que, para chegar a essa área extremamente comercial e concorrida, foi preciso atravessar a Red Light de Frankfurt, que logo aí me parece bastante degradada, mas menos do que se viria a revelar. Aproveitando o sol alemão e terminada a primeira cerveja, seguimos a pé de volta para a zona mais próxima da gare, e da Red Light, mas neste caso na rua principal onde se encontram as esplanadas para então almoçarmos, já algo tardiamente, e onde mais um companheiro se viria a juntar a nós. Terminado o almoço, seguimos até ao hotel deixar as compras e pegar no material que iriamos para o jogo tendo passado no hotel onde estavam alguns dos nossos, em plena red light. Confesso nunca ter visto nada assim: o hotel ficava junto a uma casa de reabilitação, onde se via uma autêntica casa de xuto a céu aberto, com pessoas a injetarem-se na via pública , e um estado de decadência como pensei que já não fosse possível ver na europa ocidental. A tal zona da Red Light, era efetivamente algo muito à parte como nunca tinha visto na minha vida e dificilmente voltarei a ver, apesar de se resumir mesmo àquele quadrado de 300 por 300 metros a leste da Gare Principal, pois aquele cenário não se viria a repetir em mais lado nenhum da cidade. Algo impressionante era o contraste entre a zona degradada e o centro financeiro, colados um ao outro e com uma limpeza e ordem que era da noite para o dia.





Deixadas as coisas no hotel, ponto de encontro na Gare, junto à qual já se juntavam muitos adeptos locais, que nos pubs iam aproveitando o calor que se fazia sentir. Descemos então para a linha onde apanharíamos o metro que nos levaria ao estádio (S8 ou S9), tendo optado por não ir nos autocarros fornecidos para adeptos do Benfica, que partiam do meeting point pré-definido, e assim aproveitar o ambiente dos adeptos locais. E em boa hora o fizemos pois tivemos assim a possibilidade de fazer o trajeto que todos eles fazem, atravessando o parque que leva da estação local até ao estádio onde se viam grandes bancas de material e música, beergardens em todo o lado e os míticos adeptos alemães com os seus casacos de ganga. Já em frente ao estádio, deslocámo-nos junto ao parque de autocarros onde encontrámos uma série de murais que são autênticas obras de arte.





Demos então a volta ao estádio para nos juntarmos aos adeptos portugueses no parque indicado para os mesmos, e vermos o resto do pessoal vindo da terra lusitana. Faltava então pouco mais de uma hora para o jogo e resolvemos entrar, pois tínhamos ainda dois cordões de revista pela frente. E foi num deles que veio o primeiro aspeto negativo: todos os adeptos do Benfica que tivessem algum adereço do Eintracht, cachecol do jogo excluído, teria de o deixar ali, podendo-o recolher no final do jogo. O argumento era de que o poderiam queimar na bancada e assim esse cenário ficava colocado de parte. De resto em volta do estádio, a circulação era livre e havia confraternização entre portugueses e alemães, sem qualquer problema. Passagem obrigatória no bar e entrada na bancada para poder finalmente começar a sentir um dos melhores ambientes da Alemanha.  E a Westkurve já estava a rebentar pelas costuras nessa altura, sendo possível perceber que ia haver coreografia.





O que se passou então dentro do estádio, não foi possível qualificar. Poucas semanas depois de ter estado num Stuttgart – Nurnberg, e ter ficado maravilhado, fui ao Commerzbank assistir a uma lição de apoio, entusiasmo e adoração a um clube. 80% do estádio ficou sempre de pé, desde 1 hora antes do jogo até abandonar o estádio. 80% do estádio (mínimo) cantou ininterruptamente, e o som era verdadeiramente ensurdecedor, a ponto de nós, no setor visitante, não nos ouvirmos a nós caso não cantássemos a uma só voz. E infelizmente foi isso que acabou por acontecer. Com um público Benfiquista que se assemelhou muito mais ao publico aburguesado da Luz, onde o apoio tem falhado demais, e menos ao que costumamos ver a Norte e no estrangeiro, sentimos que nos acabámos por fazer ouvir muito menos do que o que devíamos e do que o que a nossa equipa e o nosso clube precisavam. E se podemos criticar a nossa equipa pela estratégia (e não pela atitude) de entrar a pensar na gestão de resultados, podemos também fazer mais um mea culpa e colocar a mão na consciência sobre o que andamos a fazer na bancada. O problema é grave, e carece de intervenção o mais rápida possível, porque é também o reflexo do perigo pelo qual passa o Benfica popular que sempre conhecemos.


Após o jogo, e claramente a lidar mal com a eliminação, fruto de um golo mais falso do que judas, todo e qualquer programa noturno ficou desde logo colocado de parte por mim. Seguimos nos autocarros colocados à disposição dos adeptos do Benfica até à zona central da cidade, e daí seguindo até ao hotel deixar as coisas para ir jantar a uma conhecida cadeia de fast food na estação. Pelo meio, mais uma travessia da mais que degradada Red Light de Frankfurt. Jantados, foi tempo de ir para o quarto e dormir, o dia seguinte seria de turismo. O possível numa cidade onde pouca coisa há para ver.

Sexta feira santa. Um sol tremendo em Frankfurt e passeia-se de tshirt sem qualquer pitada de frio. Vamos até ao Rio enquanto o resto da malta não acorda. Quando nos encontramos junto ao rio, eis que a malta que estava alojada no hotel junto aos walking dead dá sinal de vida, e marcamos ponto de encontro perto da red light para tomar o pequeno almoço, donde seguimos para a zona da Catedral a pé. Trata-se da zona mais típica alemã, e claramente a zona mais interessante da cidade. Lá chegados, as habituais praças gigantes, onde reparámos que era dia de manifestação de jovens pelo clima do planeta, tendo os mesmos partido para uma sessão de recolha do lixo que se encontrava nas ruas.  Seguimos até à ponte Eiserner, um dos ex libris da cidade e onde se podem de facto tirar fotos de qualidade superior, visitámos a catedral da cidade, e voltámos à grande praça da cidade, Römerberg, onde aproveitámos para almoçar, no meu caso o já típico Joelho de Porco.











Findo o almoço seguimos a pé até ao hotel do amigo que ia embora, donde seguimos até à estação para o deixar. Pelo caminho, um encontro com Gonçalo Paciência que ao passar por nós não repetiu a figurinha ridícula que havia feito no final do jogo. Deixado o grande amigo Doutor na estação, voltámos para trás em direção à Main Tower, para aproveitar e ter direito à melhor vista de Frankfurt. Trata-se duma torre onde subimos de elevador até ao 54º andar, situado a 190m de altura, subindo ainda mais uns lanços de escada, permitindo ter uma superlativa vista panorâmica da cidade. Não saímos defraudados mesmo que tenha chegado à conclusão que Frankfurt é a cidade banhada com um rio com a menor aura que alguma vez conheci. Após a visita à Main Tower, hora de nos refrescarmos com uma loira e regresso ao hotel para descansar um pouco. Os mais de 40km caminhados em dois dias já se começam a fazer sentir, do qual só saímos para jantar num restaurante australiano onde já tínhamos bebido ido beber a loirinha à tarde. E de barriga cheia regressámos ao hotel, com mais um vislumbre de pessoas anormalmente exóticas até ao mesmo.












Foi então hora de arrumar as malas pois tínhamos poucas horas de sono pela frente….

Despertador às 4, banho rápido, seguir para a estação onde apanhámos o metro, tendo mais uma vez sido abordados pelo caminho, e cruzando tudo e mais alguma coisa na estação. Era então tempo de seguir para o aeroporto.

A eliminação custou. Mas valeu a pena… Vale sempre. Não recomendo Frankfurt em termos turísticos. Não vale a pena. Chega a ser assustadora em algumas zonas e pouco há que se aproveite.  Mas o 80º estádio onde vi futebol, e onde acompanhei o meu 38º jogo do Benfica no estrangeiro, deixou-me uma marca que comigo ficará para sempre. É aquilo que eu sonho para o meu clube. Por muito utópico que eu acredito que seja. Mas acho que é por algo assim que vale a pena lutar e sonhar.

A conclusão ? Viva o Benfica. E venha o 39º... Mas antes há a prioridade das prioridades: ganhar o próximo jogo da Liga pois o Campeonato Nacional e o 37º são sonhos mais do que desejados.

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Carta aberta ao Senhor Voleibol do Benfica - Professor José Jardim.

Olá Prof,

Não sei se esta carta alguma vez lhe vai chegar, mas aqui fica...

Certamente só me conhece de vista, quiçá dos Pavilhões da Luz, que sempre ocuparam muito do meu tempo livre em Lisboa, quiçá das férias em São Martinho do Porto.
A primeira vez que me lembro de si, foi por 2 anos seguidos ter vencido a equipa da minha irmã no torneio misto de voleibol de praia nas férias... Na altura lá me disseram que era o treinador nas camadas jovens do melhor jogador da equipa da minha irmã.
Mal sabia eu o quanto o ia admirar...

Foi em plena década de 90 que o Benfica encerrou a sua formação sénior de voleibol... O prof era jogador. Era o Capitão! E tinha conquistado o último título de Campeão numa negra na Nave de Alvalade. E levantado a Taça de Portugal em 1992. E pouco tempo depois acabou. Simplesmente.
Estamos a falar duma modalidade esquecida, que jogava no Pavilhão 2, num cantinho. Tão esquecida que às vezes ocorriam outros jogos em simultaneo, a ocupar os outros 2/3 do Pavilhão...



Muitos saíram, normal. O Prof ficou. E nas camadas jovens foi trilhando o seu caminho, e os jovens foram crescendo e chegámos aos séniores. E voltámos a ter equipa sénior. E ganhámos a 3ª divisão há apenas 20 anos atrás. E subimos pouco depois à primeira... E em na primeira metade da década passada voltámos aos títulos, com uma equipa quase invencível e cheia de talento. Mas também é preciso saber detectar o talento. 
Depois veio o desinvestimento, mas continuou o Prof. E mais uma vez reconstruiu uma equipa. Uma senhora equipa que dominou o voleibol em Portugal esta década. Tirou-me muitas vezes do sério com algumas opções é verdade, e percebe infinitamente mais de voleibol do que eu, mas os adeptos são assim. Continuo a achar que podia ter uma história ainda mais bonita ? Continuo. Mas faz parte...

Se hoje há voleibol no Benfica, o prof é o rosto dele. E que nunca ninguém se esqueça disso... A única coisa que espero é que nunca saia do Benfica, porque é certo que o Benfica nunca sairá de si. Prof José Jardim é sinónimo de Voleibol Benfica. Era ontem. É hoje. E será amanhã...


Mais do que lamentar os momentos, lamento a final de ontem. Não fomos a melhor equipa da fase regular, mas fomos a melhor equipa da final. Mostrámos que somos Equipa, que somos Benfica. E sim, mereciamos ser Campeões, e o Prof merecia a cereja no topo do bolo com a que seria talvez a mais épica das vitórias. Quis a sorte, e algo mais que assim não fosse. 


Por tudo isso... Olhe, obrigado Prof! Será sempre a sua casa e o seu pavilhão. E que o assombroso ambiente do Benfica - Novi Sad de 2015 perdure para sempre na sua memória.

"Quero passar aos adeptos do Benfica aquilo que os jogadores me passaram. Temos muita pena de não lhes oferecer este título. Fica um grande orgulho nos 25 títulos conquistados. Não me esqueço de como esta equipa voltou. Começámos por baixo, com títulos de juvenis e juniores. Mas, mais importante, é que, quando perdemos, perdemos assim. As finais perdidas do Benfica foram todas assim. Quer dizer que lutámos sempre até ao último ponto"



domingo, 18 de março de 2018

O Benfica é uma LENDA

Quem me segue nas redes sociais, sabe que em dia de jogo do Benfica é sagrado: faço sempre um post a citar Laurent Moisset, igual ao texto que se segue:

"O Benfica é eterno. Eles não conhecem fenómenos de erosão que possam fazer perigar as suas fundações mais seguras. Eles sabem sempre renovar a sua imagem. O Benfica é uma lenda"
Laurent Moisset, in France Football
12/11/1991

Pois bem, o post de hoje não é para dizer que Laurent Moisset tinha razão, pois houve de facto, três anos após o mesmo ter escrito isto, um fenómeno que, na altura, nos veio a fazer pensar que as nossas fundações mais seguras estavam em perigo. Felizmente soubemos, tal como disse o jornalista francês, renovar a nossa imagem e mostrar que o Benfica é uma lenda, voltando à alegria desportiva, a engrandecer ainda mais o palmarés, e chegar aos tempos recentes em que temos vivido tempos felizes.

O texto, que sempre vi como uma das melhores referências ao clube de todos nós, feito por uma pessoa externa ao clube, sempre foi visto quase como um mito. Mas não, ele existe mesmo, e a prova chegou hoje às minhas mãos.
Eis a edição  de 12 de Novembro de 1991 da France Football, onde o texto está incluído, numa peça alusiva à mítica exibição do Benfica em Highbury Park.






Pois é, minha gente. O Benfica é mesmo uma lenda...

Rumo ao PENTA!

sábado, 18 de novembro de 2017

VÍCio de viajar



Dezembro de 2004. O Benfica desloca-se a VIC para disputar uma eliminatória da Taça CERS. Uma carrinha de adeptos do Benfica, elementos dos Diabos Vermelhos, viaja até VIC para apoiar a modalidade de eleição do grupo. No regresso, já não muito longe da fronteira portuguesa, um acidente automóvel ceifa a vida a um desses elementos. O Borsky nunca será esquecido.


Outubro de 2015. O sorteio dita que o Benfica vai a VIC num jogo relativo à fase de grupos da Liga Europeia de Hóquei em Patins. Passam mais de 10 anos da tragédia que nos levou o Borsky e nem penso duas vezes: marco a viagem! É tempo de ir render a devida homenagem, marcando presença no último pavilhão onde ele apoiou o clube de todos nós.

E foi assim que, juntando a homenagem, o Benfica, o hóquei em Patins e a fabulosa cidade de Barcelona, comecei a planear esta viagem. Desde logo alguma malta se mostrou interessada e começaram a organizar uma carrinha que saísse de Lisboa. Eu iria de avião, onde já em Barcelona se juntaria um amigo de Londres, e mais tarde se confirmaria também a presença duma velha amiga destas vidas de Benfica. O jogo era em Janeiro, já sabiamos que não haveria muito calor, mas não fazíamos ideia do frio que faria na serra onde se situa VIC.

Sexta feira, saido do trabalho, apanho a C. e rumamos ao aeroporto. O destino é o mesmo, mas o voo é diferente, sendo eu o primeiro a aterrar.
Quando aterro, a primeira boa notícia: o maior rival, na altura líder do campeonato, acaba de empatar em casa com o Tondela. Augurava-se um bom fim de semana. Entretanto aterra a C, e posteriormente o M. Levantamos o carro e seguimos para Barcelona onde nos instalamos no hostel, perto da Sagrada Familia, e saímos para petiscar qualquer coisa e regressámos para descansar.

Sábado, após o pequeno almoço, uma ida até às ramblas para o habitual passeio pela avenida, e para uma passagem pelo mercado de Barcelona, donde seguimos até Camp Nou onde almoçámos e vimos os preços económicos dos bilhetes para um Barcelona - Athletic. Entretanto, a malta da carrinha começava a dar notícias e combinámos encontrarmo-nos em Montjuic. Assim fizemos e tirámos a primeira foto de grupo no Olímpico. Daí regressámos ao Hostel, onde todos tinham de fazer o check-in, e onde entretanto chegava o pessoal oriundo de Paris (1 carro) e da Suiça (1 pessoa).






Após a chegada de toda a gente. lá nos preparámos para seguir rumo a VIC. Uma viagem de 40 minutos, pela serra e pelo frio até chegarmos à porta do pavilhão ainda bastante cedo. A temperatura é baixíssima e enquanto não se abriam as portas a única solução era ficar nos carros com o aquecimento ligado. Frio e vento, a combinação traumática.

Após saudar os jogadores, pouco depois de entrarmos no pavilhão quando faltavam cerca de 40 minutos para o ínicio do mesmo, decorre o aquecimento, findo o qual o azulejo do pavilhão é regado. Começa o jogo e é uma hecatombe. O Benfica sofre golo atrás de golo, e a poucos segundos do intervalo o Benfica perde por inimagináveis 7-0!!! De Portugal vamos recebendo mensagens a perguntar o que se passa porque ninguém entende. Nem nós, ali na bancada, onde vemos uma equipa apática e sempre a escorregar. Poucos segundos antes da buzina do intervalo, Marc Torra marca o primeiro golo do Benfica.


Após o intervalo, aparece uma equipa diferente e a acreditar sempre, como sempre nos caracterizaram. Desta feita é o Benfica que vai marcando golos atrás de golos e chega à desvantagem mínima (7-6), ficando nós com a sensação que com mais uns minutos ainda sairiamos vencedores.  No final, o agradecimento aos adeptos e a nós era tempo de nos refazermos à estrada, na gelada serra a norte de Barcelona, enquanto começava o Estoril - Benfica em futebol de maneira nada agradável: com um golo do Estoril.


À chegada a Barcelona dirigimo-nos para o restaurante onde nos disseram que poderiamos ver o jogo, mas, lá chegados, estava fechado. Alguns batem retirada e seguem para o hostel, nós os 3 dirigimo-nos para o Mac, onde jantamos e aproveitamos o fraco wireless local para ir vendo alguns frames do jogo e acompanhar a reviravolta do Benfica: Mitroglou e Pizzi metem o Benfica na liderança e o Benfica segura-a até ao fim! A noite estava ganha apesar da derrota no hoquei que não era comprometedora (e tanto não foi que nos sagrámos campeões europeus nessa época). Após o jantar, uma ida até um pub junto à Sagrada Família seguindo-se o devido descanso.

Domingo, a despedida do pessoal que tinha longas viagens de carro pela frente e desejos de boa viagem. Aproveitámos para ir até ao Arc del Triomph, um passeio pela marginal de Barcelona, seguindo-se a ida para o aeroporto, com a respetiva entrega do carro e o regresso a Lisboa.
Pouco depois de aterrar, e quando a malta da carrinha entrava em Portugal, o outro candidato ao título perdia o seu jogo na cidade berço. Que maravilha de fim de semana!




Se valeu a pena ? Vale sempre: pelas amizades, pelo Benfica e pela cidade.

E sobretudo, pelo Borsky.



 Em Janeiro há mais...